quarta-feira, 23 de maio de 2007

A saudade



Saudade é uma palavra que só existe na língua portuguesa.
Ferramenta de poetas e escritores, a saudade já foi escrita e cantada por muitos seres maravilhosos que já passaram e que ainda vive por ai, sentindo suas saudades.
Tantos Vinicius, Tons, Cesários Verde, Castros Alves, Carlos Drumonnd de Andrade...Nos brindaram com suas saudades. Quem entende mais de saudades do que quem ama e tem muitos amigos?
Saudade é solidão acompanhada de uma lembrança de alguém que se foi ou de um momento que se vive intensamente, é uma das maneiras de se descrever a ausência de alguém ou algo que foi ou é muito importante para nós.
Quem nunca sentiu saudades?
Esse sentimento invisível que mora dentro de cada um e que basta uma música, uma lembrança para ela tomar forma e bailar no palco das nossas lembranças.
Existem saudades tristes; como a saudade da mãe que se foi e que nunca mais a veremos novamente (a não ser, pelos olhos da saudade), do amigo que foi embora morar em outra cidade, do cachorro que morreu por não viver tanto tempo como nós, de um amor perdido que deixou cicatrizes em nossos corações, dos colegas da época de escola que pareciam ser amigos para sempre...
Existem também as saudades alegres; como quando ganhamos aquele brinquedo tão desejado, o primeiro beijo dado com tanta ingenuidade, o show daquela banda que amávamos tanto, a primeira noite que dormimos fora de casa, o primeiro passei no zoológico...
Todos nós sentimos saudades. Falando português ou não, basta ser um ser pensante para guardar na lembrança uma pessoa ou um momento que nos seguirão para sempre.
Descrever a saudade é como abrir um álbum antigo guardado dentro da alma e bem lá no fundo do coração. Porém, poucos são os que conseguem descreve-la usando somente a escrita ou outro código qualquer, porque a saudade parece ser algo só para sentir e nunca para descrever.
Conheço muitas saudades que moram dentro de mim. E que são como quadros vivos pendurados nas paredes da memória em permanente exposição.
Quem tiver suas saudades que as viva intensamente como um poeta louco que as desenham nas calçadas da vida com pedaços de giz ou cacos de telhas só para nunca esquece-las.
Conheço uma pessoa que tem saudades dos anos 80, e que coleciona CDs das bandas de rock daquela época, tem um monte de gibis do Homem Aranha, Corrida Maluca, Fantasma, pôster do Batman na parede, carrinho do Speed Racer, bonecos do He Man, Thundercats, Falcon...Sua casa é um verdadeiro museu com todo tipo de quinquilharias que lembram os anos 80.
E por falar em saudade, a saudade que sinto é uma saudade sem fim de alguém especial que partiu há pouco tempo e que levou consigo aquela comidinha de domingo que reunia toda a família junto à mesa e fazíamos aquela algazarra, alguém que tinha um colinho quente para me proteger nos dias tristes, e que tinha um sorriso imenso para rir das minhas piadas bobas ou do desenho do Jackie Chan, alguém que era tão especial que me ensinou a encarar a dor com um sorriso nos lábios, alguém que não ficou parada no tempo e que falava a gíria dos jovens para não envelhecer o espírito, alguém que sofreu muito e que agora descansa em paz... Alguém... que me trouxe ao mundo.
Se existem saudades tristes e saudades alegres, a minha é triste e guardo dentro de mim como se fosse um filme que vejo todos os dias numa sessão da tarde interminável.
Como podem ver, a minha saudade tem um nome e um rosto e sempre estará comigo como a tatuagem que carrego no corpo feita em sua homenagem.

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