terça-feira, 11 de janeiro de 2011




O VENDEDOR DE PASSADOS


Ontem eu fui a Angola
Conhecer Félix Ventura
E comprei-lhe um passado
Pode parecer loucura.


Mas não tinha fim de tarde
Nem nós sentados em meio fio
Lá na 12HC do Novo Gama
Ninguém nunca mais nos viu.


Traficante de memórias
Esse sinistro senhor
Nem as rosas q’eu te dei
O bandido me lembrou.


Posso saber quem eu sou?
Ele logo me respondeu:
Você é alguém que amou
E por isso se perdeu.


Agora é só um poeta
Aprendiz de rimador
Desenhará as calçadas
Com palavras de amor.


Ora, eu sou esse homem,
Com um passado novinho
Não me lembro de você
Já não me sinto sozinho.


A minha velha alma
Pendurada numa janela
Já não me lembro de antes
De como a vida era bela.


Tudo ficou para trás
Como num fado de Amália
Agora as minhas lembranças
Ficaram com esse canalha.


“Nada passa, nada expira,
O passado é um rio que dorme.
E a memória antiga,
Uma mentira multiforme.”

By
Guaracy Clementino.

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